Sindicato dos Trabalhadores de Processamento de Dados,
Serviços de Informática e Similares do Estado do Rio Grande do Norte

Diretoria da Dataprev segue com política de morte
Publicado em 21/07/2020 às 17h07

Na quinta-feira 16/07/2020, mesmo dia em que os veículos de comunicação divulgam 78.000 (setenta e oito mil) mortos pela infecção provocada pelo coronavírus, a Dataprev divulga em seus canais de comunicação o retorno do trabalho presencial no dia 3 agosto. Segundo eles, após deliberação da diretoria da empresa (Direx).

O Brasil registra diariamente bem mais de 1.000 (mil) mortos, e nos últimos dias, registrou a quarta maior média de mortes. O descaso, no entanto, é explícito em palavras e atitudes do comando do país, principalmente do presidente Jair Bolsonaro, que já denominou um vírus perigoso e mortal como esse, que já vinha ceifando milhares de vidas em vários países, inclusive desenvolvidos, e mesmo no Brasil, de ” uma gripezinha”. A verdade é que um número muito pequeno de pessoas é testado no Brasil, existem sub notificações e muitos morrem sem atendimento algum, em casa, nas filas e etc., ou seja, esse número de pessoas mortas é, sem dúvida, muito maior.

Mas para o presidente do Brasil: “e daí?”. E daí que são pessoas, que têm direitos constitucionais garantindo a saúde, a vida. E daí que essas pessoas têm famílias, têm uma história de vida… e o “e daí” (descaso e irresponsabilidade) se percebe quando nenhuma  medida séria no país vem sendo tomada por esse governo, que há meses sequer tem um ministro da Saúde;  não há proteção à vida, garantia de direitos, não há nenhuma política pública de  enfrentamento à pandemia, pelo contrário, o que  existe é uma política de  morte, com retiradas de direitos e inúmeros retrocessos e escândalos. Esse mesmo presidente já disse que: só trabalha com ele, em seu governo quem pensa como ele.

É como ele que pensa a diretoria da Dataprev sobre os milhares de vidas que são ceifadas todos os dias no país, quando toma a decisão de convocar trabalhadores a se apresentarem ao trabalho de forma presencial, em pleno pico de uma pandemia? O que entende uma diretoria sobre saúde, proteção, preservação da vida, para tomar tal decisão?

Esses gestores acham, realmente, que um questionário enviado aos trabalhadores com perguntas vagas consegue prever quem pode se contaminar, contaminar outros, inclusive familiares, ou até mesmo evoluir para uma gravidade e um possível óbito? Acham que as medidas que serão tomadas, com aglomerações no local de trabalho, respirando um único ar, eliminam os riscos de vida dos trabalhadores?

Em estudo divulgado estima-se que, até o final de julho, o número de mortos (isso só de casos testados), chegará a mais 100.000 (cem mil), justamente quando uma parcela dos empregados, conforme nota da empresa, estará iniciando trabalho presencial.  O instituto Butantan divulgou um estudo (científico) que se as aulas voltarem em setembro para as crianças, e olha que são classificadas como fora do grupo de risco, morrerão em poucos dias 17.000 (dezessete mil). Ou seja, qual o critério, com base em qual estudo científico, a diretoria da empresa está utilizando para convocar os trabalhadores a exporem suas vidas e a de outros, na atual situação? Lembramos que o trabalho via home office vem sendo realizado sem prejuízo algum para a Dataprev e clientes, nos vários serviços que empresa atende, incluindo o contrato do Benefício Emergencial, que beneficia milhões de brasileiros e brasileiras. A não ser pelo número de demissões, sem fundamento algum, que a empresa efetuou (estes trabalhadores/as poderiam estar somando nessa força tarefa), reiteramos, não há prejuízo para a Dataprev na continuidade do Teletrabalho, pelo contrário, há além dos fatores citados que envolvem  proteção à saúde e à vida , uma economia enorme com energia,  água, materiais de expediente e etc.

Que responsabilidade social tem essa gestão da Dataprev com a saúde dos seus empregados, tendo em vista que nenhuma tarefa deixou de ser realizada pelos trabalhadores/as, pelo contrário, continuam atuando com excelência em tudo o que realizam.

O Estado de calamidade Pública permanece, e a situação da pandemia não tem previsão alguma para terminar, mas, ainda assim, a diretoria demonstra tapar os olhos para uma terrível realidade, que envolve vidas – um bem precioso e inalienável.

Essa diretoria ainda não conseguiu pôr a mão na consciência e enxergar quantas maldades vem realizando com os/s trabalhadores/as:

– Em 2019 veio o reajuste de 62,5% no plano de saúde (convênio assinado pela Sra. Christiane Edington) 

– em 8 de janeiro de 2020, veio o PAQ com fechamento de escritórios e demissões

– os absurdos continuam com o Sr. Cannuto, com reajuste abusivo novamente no plano de saúde, somado  à situação de deixar seus empregados beneficiários sem plano; com várias pessoas  internadas obtendo negativas de procedimento nos hospitais,  outros em home care, em tratamentos de câncer,  diálise,  em programas que exigem  atendimento diário de profissionais,  e pasmem, em  plena pandemia  durante muitos dias. Frise-se que ainda temos vários trabalhadores/as, com seus dependentes e agregados que continuam na mesma situação absurda (com o plano de saúde cancelado).

Senhor presidente da Dataprev e demais diretores, os trabalhadores dessa conceituada empresa que tem 46 anos de existência, que trabalham com excelência, prestando inúmeros serviços  para o povo brasileiro, que vem cumprindo um papel social e de inclusão, não merecem a gestão que comanda essa empresa,  que os trata como coisas, um tratamento pra lá de desumano, algo jamais visto por nenhum gestor desde a sua fundação, até meados de 2018. Todos os gestores que passaram pela Dataprev, à exceção da Sra Edington, tiveram um mínimo de senso de responsabilidade com a empresa e principalmente com a vida dos trabalhadores, e não havíamos vivido ainda nenhuma pandemia.

Esperamos sinceramente, que o presidente da Dataprev, o Sr. Canuto, juntamente com os diretores, reveja essa decisão de voltar ao trabalho no dia 03/08 e preserve o bem maior dessa empresa, que são os seus trabalhadores/as.  Alertamos que, caso ocorra alguma fatalidade com algum destes, a responsabilização não será para a empresa, para um CNPJ, mas sim de forma direta e individual, no CPF a quem der causa.